O mito do preparo
RAQUEL
PAGANELLI
A
ideia de que a escola precisa, antes, estar pronta, para depois receber os
alunos com deficiência é baseada em uma expectativa ilusória de um saber pronto
capaz de prescrever como trabalhar com cada criança.
Vygotsky enfatiza que a
condição humana não é dada pela natureza, mas construída ao longo de um processo histórico-cultural,
pautado nas interações sociais realizadas entre o homem e o meio. Ou seja, o
preparo do professor no contexto da educação inclusiva é o resultado da
vivência e da interação cotidiana com cada um dos educandos, com e sem
deficiência, a partir de uma prática pedagógica dinâmica que reconhece e
valoriza as diferenças. Não há especialização capaz de antever o que somente no
dia a dia poderá ser revelado.
Além
disso, a insegurança expressa no argumento da falta de preparo revela, muitas
vezes, a fragilidade da escola em lidar com a diferença. Por trás do discurso aparentemente
“responsável” de que as escolas não estão prontas para receber determinados
alunos por serem incapazes de suprir suas necessidades, de lidar com as suas
dificuldades e de oferecer recursos ou pessoal adequados, está, muitas vezes, a
noção de que alguns estudantes não são ou não estão aptos a frequentá-las
devido a suas condições, o que remete à lógica da integração.
Uma dica é sempre se
perguntar:
O que cada um deles sabe sobre o conceito que desejo ensinar? Como
seus interesses podem ser explorados como estratégia para o ensino
?
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